Não acredito em horóscopo, acredito no amor!

Alguma coisa naquele calendário me diz que é seu aniversário.

Hoje é segunda, eu acho, estou meio perdida no tempo desde o nosso último encontro. Você estava vestido com uma camisa listrada e calça jeans.  Tinha algo diferente no seu cabelo, mas não consegui decifrar, talvez fosse apenas um penteado novo ou corte, não sei. Só sei que você sempre reclamou da minha falta de atenção.

Eu deveria ter acreditado no horóscopo, apostei em algo que já estava predestinado ao fim. Uma geminiana que sempre presou a liberdade e um taurino relativamente ciumento. Catástrofe total, pré-anunciada. 

Acho que minha mãe perguntou por você hoje de manhã, não tenho certeza, nem sei se respondi. Meus pais ainda sentem sua falta. Você era o genro perfeito.

Estou no escritório e tenho uma pilha de papéis na minha mesa para serem lidos e assinados. No entanto, quer saber? Fui!

Trânsito. Congestionamento. Buzinas. Semáforo quebrado. Guardinha de trânsito. Apitos. Pessoas. Ligo o som do meu carro. Toca Yesterday (The Beatles). Eu canto. O tempo passa. O trânsito anda. Eu chego.

Parece que alguém avisou ao síndico que a campainha do prédio estava quebrada, porque pelo jeito já tem uma nova no lugar. Será que já existe uma nova pessoa na sua vida também? 

Eu desisto. Vou em direção ao meu carro, e de repente ouço sua voz. A sua voz. Você está me chamando.

A gente se reencontra na calçada, em frente ao prédio. É seu aniversário, e vejo que ambos estamos felizes. Eu te beijo. Você me beija.

Não acredito em horóscopo.

por Ranna Botelho