Já é noite, 21:16 para ser mais
precisa. O dia foi nublado e caíram algumas muitas gotas de chuva aqui e ali.
Meu coração ainda bate, então concluo que estou viva. Isso me deixa mais calma,
mas não diminui os sintomas da minha ansiedade.
Hoje de manhã quando fui para a
parada esperar o ônibus da faculdade, vi nossos nomes escritos com corretivo
naquelas paredes gastas que sempre me protegem nas manhãs chuvosas e
ensolaradas. Nós estávamos indo para a casa dos seus pais no dia em que deixamos
nossa marca ali. Você pediu o corretivo emprestado para um grupo de estudantes
que tinham reposição de aula em pleno sábado. Escreveu nossas iniciais sobrepostas
e se virou para mim com um sorriso no rosto.
Eu me lembro daquele dia, do
exato momento, de cada gesto. Após devolver o corretivo para o garoto de boné
azul seu celular tocou, você atendeu e apenas respondeu tudo aquilo que sua mãe
gostaria de saber. Era a primeira vez que a gente iria se ver, eu estava extremamente
nervosa e aquele telefonema só piorou a situação toda aqui dentro.
30 minutos e 22 segundos.
Acredite, eu acompanhei todo o trajeto do ponteiro do seu relógio. Aliás, nem
elogiei seu bom gosto.
A gente desceu do ônibus e virou
à direita, sua mãe estava em frente à casa de vocês e sorriu para mim. É, ela soube muito bem como me tranquilizar. Ela sorriu, e você sabe a importância que sorrisos tem em minha vida.
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