“Eu sou a mesma pessoa de dois anos atrás? Com os mesmos sonhos, gostos culinários e musicais? Com o mesmo corte de cabelo e cor de batom?” Acho que não, né?!?! Na verdade, nem precisamos pensar tão longe assim.
As
mudanças estão presentes diariamente em nossas vidas, algumas completamente
perceptíveis, e outras, tão reservadas que só nos damos conta delas depois que
já se estabeleceram de mala e cuia.
Sei
que na grande maioria das vezes levamos um tempinho, considerável, para nos
acostumar com algumas mudanças, já li ou ouvi, certa vez, que boa parte delas
começam dentro da gente e aos poucos passam a interferir nas nossas vidas aqui
fora.
Por exemplo: quando me pedem para desenhar alguém. Antes de começar a
tentar fazer aqueles famosos bonequinhos de palito, com boné ou cabelo cacheado
para me referir à pessoa que quero representar ali, já crio mil e um
obstáculos. De primeira, meio que no automático, digo: “Mas, eu não sei
desenhar”, e ao final solto alguma risada ou comentário negativo,
desvalorizando meu trabalho. Na infância eu amava desenhar bonequinhos de
palito, com vestido, boné, cabelo liso ou encaracolado, e ao final, me
orgulhava do resultado.
A
mudança começou aqui dentro e aos poucos passou a interferir na minha vida do
lado de fora. Aquela segurança admirável e capacidade de valorizar aquilo que
sou capaz de fazer deu lugar a uma insegurança que machuca e um senso crítico,
por vezes, desnecessário. Eu mudei. Mudei sem perceber.
Mudei
de endereço, de estado. Mudei o número do celular algumas centenas de vezes, e
de operadora também. Mudei o corte do meu cabelo, a minha cor preferida de esmalte.
Expandi meus gostos literários, cinematográficos e musicais, mudei essa coisa
de gostar de uma única coisa e ponto. Mudei “sem querer, querendo”. Mudei
porque era necessário. Mudei porque quis mudar.
Elas
sempre estarão aí, presentes em nossas vidas. Talvez, a gente nunca consiga
aprender a lidar muito bem com elas, mas é importante pensar que com o tempo
tudo acaba se encaixando e que as mudanças são peças, extremamente, necessárias
neste quebra-cabeça.
por Ranna Botelho
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