quarta-feira, 17 de março de 2021

Quando falta o ar

 


 

Eu passei boa parte da minha vida acreditando que um dia acordaria e tudo seria diferente. Que já não precisaria mais lidar com crises de ansiedade ou pânico. Que o meu humor já não oscilaria tanto assim. Que o aperto no peito só viria quando a saudade apertasse, e que meu fôlego só sumiria diante de gratas surpresas.

Foi aí que eu respirei. E mesmo não conseguindo completar esse ciclo logo de primeira, respirei outra vez, e mesmo perdendo o ar, vez ou outra, outra vez, continuo respirando. E nesse entrar e sair de ar dos meus pulmões sigo aprendendo sobre acolhimento. Porque alguns dias são mesmo mais difíceis que outros, e são pauta na terapia, mas eles não anulam todos os outros dias bons, e tudo o que aprendi e os desafios que enfrentei, ao longo do processo.

Processo, uma dentre tantas outras palavras que ressignifiquei nos últimos anos.

E mesmo que minha visão ainda fique turva. Que o nó na garganta ainda apareça. Que os pensamentos se embaralhem, o coração acelere, que me falte o ar, e eu acabe perdendo o controle outra vez. Tá tudo bem, porque faz parte do processo, e ainda sou aprendiz do meu próprio universo.

“Fale sobre suas feridas e talvez isso ajude alguém”, a mensagem que abracei na meditação de hoje. 

 

Por: Ranna Botelho 

 

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